Emergência climática, desperdício alimentar, sobreconsumo e guerra na Ucrânia serão os temas em debate na conferência que assinala o Dia Nacional da Sustentabilidade, no próximo dia 25 de setembro. Promovido pela Deco Proteste, com o apoio do Expresso, o encontro decorre no Centro Cultural de Belém, em Lisboa.
Governos, sociedade e empresas: todos têm o seu papel neste ‘filme’, no qual ninguém pode deixar de participar. A sustentabilidade está presente em todas as áreas da sociedade e das empresas, mas ainda não é percecionada, em muitos casos, de forma abrangente e como ferramenta de transformação.
No entanto, e apesar do caminho ainda ser longo até que esta meta seja uma realidade, na perspetiva de Patrícia Franganito, não há como escapar. “Sustentabilidade: sim ou sim. Não há outra resposta”, garante a responsável pela certificação e pela formação no Bureau Veritas, entidade responsável pela certificação empresarial, que defende que este trabalho de mudança tem que ser feito em conjunto por entidades públicas e privadas, institucionais ou empresariais. “Uns terão esferas de atuação mais concentradas em pilares de regulamentação, apoios, educação, enquanto outros com responsabilidades mais centradas em alterar mentalidades, formar, sensibilizar fornecedores e clientes. E no meio de tudo isto, ainda há espaço para a verificação isenta e imparcial, de forma a assegurar um combate efetivo ao “greenwashing”.
“São tantas as exigências regulamentares que muitas empresas não sabem por onde começar”, aponta Patrícia Franganito, do Bureau Veritas
Recordar a importância dos pilares que suportam este tema tão abrangente é também o objetivo da celebração do Dia Nacional da Sustentabilidade, que se comemora oficialmente este ano pela primeira vez, depois da aprovação pelo Governo da proposta apresentada pela Deco Proteste. “Sempre defendemos a urgência de existir uma data que mobilize a sociedade civil para uma reflexão a nível global sobre a implementação de ações e atitudes concertadas, que promovam um futuro social, ambiental e económico, mais sustentável e consciente da fragilidade dos recursos naturais, bem como das alterações climáticas que já se fazem sentir um pouco por todo o planeta”, explica Rita Rodrigues. Para a diretora de comunicação e de relações institucionais da associação de defesa do consumidor, é preciso continuar a discutir, debater e perceber como atrair os consumidores para uma mudança de hábitos que se impõe “porque eles são a força motriz de uma mudança, que se pretende real e efetiva”.
A escolha desta data não foi por acaso, uma vez que foi a 25 de setembro que as Nações Unidas adotaram os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e passa, a partir de agora, a ser a data oficial de celebração para o Dia Nacional da Sustentabilidade em Portugal, uma iniciativa pioneira a nível mundial.
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dos alimentos produzidos globalmente são desperdiçados, enquanto 1 em cada 9 pessoas no mundo não tem o que comer
Empresas não sabem por onde começar
Apesar da consciencialização sobre o tema da sustentabilidade ser cada vez maior, a verdade é que, afiança Patrícia Franganito, “são tantas as exigências regulamentares que muitas empresas não sabem por onde começar”. O primeiro passo, acredita, passa por garantir a sustentabilidade financeira, sem a qual existirão limitações que colocarão em causa outros desafios.
Recorde-se de a União Europeia está a preparar duas diretivas, que devem estar concluídas em breve, e que vêm impor novas regras e obrigações às empresas. É o caso da CSRD (Corporate Sustainability Reporting Directive) e da CS3D (Corporate Sustainability Due Diligence Directive) entre outras que estão a ser preparadas.
No sector energético, um dos que tem maiores desafios pela frente, a aceleração da descarbonização impõe-se. No entanto, com a guerra na Ucrânia e os preços da energia em alta, empresas e líderes europeus temem que as metas do Acordo de Paris possam não ser cumpridas. Ainda assim, José Aramburu Delgado, acredita que a aceleração será possível com a ajuda do pacote das medidas regulatórias da União Europeia. Na opinião do CEO da Cepsa Portuguesa, que será um dos participantes no painel ‘Parar para Pensar a (in)sustentabilidade da guerra’, “o investimento no Repower EU, bem como a Net Zero Industry Act, sinalizam a urgência em acelerarmos a transição energética”.
PARAR PARA PENSAR DIA DA SUSTENTABILIDADE
O que é?
Portugal assinala, no próximo dia 25 de setembro, o primeiro Dia Nacional da Sustentabilidade, uma proposta da Deco Proteste aprovada este ano pelo Governo. Para assinalar o arranque desta data, e com vista a trazer o tema para a atualidade, esta conferência reúne um conjunto de oradores, convidados a revelar os seus projetos e desafiados a discutirem alguns dos pilares mais prementes da sustentabilidade. Em debate estarão temas como a emergência climática, o desperdício alimentar, o sobreconsumo e a guerra na Ucrânia.
Quando, onde e a que horas?
No dia 25 de setembro, no Centro Cultural de Belém, às 10h00.
Quem são os oradores?
- Francisco Ferreira, ZERO;
- João Meneses, BCSD Portugal;
- Alexandra Serra, Águas de Portugal;
- Ana Barbosa, IKEA;
- Chef Kiko;
- Isabel Jonet, presidente do Banco Alimentar;
- Pe. Ismael Teixeira;
- Ágata Roquette, nutricionista;
- Catarina Gouveia, influencer;
- Susana Santos, El Corte Inglês;
- Duarte Roquette, marketeer;
- Maria Moreno, psiquiatra;
- Aline Hall de Beuvink, historiadora e professora universitária;
- Miguel Morgado, professor universitário e ex-deputado;
- José Aramburu Delgado, CEO CEPSA Portuguesa;
Porque é que este tema é central?
Os três pilares da sustentabilidade – ambiental, social e económico – estão em tudo. A sua importância é crescente no momento em que se esgota o tempo para a transição energética e climática, em que se vive uma guerra, e num mundo em que os 16 ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) das Nações Unidas continuam a não ser cumpridos.
Onde posso assistir?
Pode assistir no local, com participação gratuita mediante inscrição aqui. Poderá igualmente assistir à transmissão através do Facebook do Expresso.
Fonte: Expresso 50